Thursday, September 03, 2009

Maris e sua harpa

Um versinho que fiz no aniversário de minha querida amiga Maris.

Maris e sua harpa
24 de julho de 2007

Quando o dia está cinzento
No inverno paulistano
Pra trazer o sol de volta
Dê à Maris um piano

Se o domingo ta acabando
E você tá chateado
Pra alegrar sua semana
Dê à Maris um teclado

Quando o congestionamento
Te segura numa esquina
Feche os olhos e aproveite
Ouça a Maris na buzina

Da catira à bossa-nova
Do repente à sinfonia
Dê à Maris uma nota
Que ela faz a alegria!

Maristeclas neste ano
Te dedico este poema
Pra mostrar que a distância
Para mim não é problema

Pra lembrar deste seu dia
Não preciso calendário
Que o bom Deus te abençoe
Com um Feliz Aniversário!

Friday, April 28, 2006

Canção do exílio

Canção do exílio
Gonçalves Dias, 1847

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Thursday, April 13, 2006

Busca.

Busca
Gustavo Assi, agosto/2005

Tem quem viva procurando,
leva a vida inteira,
e não encontra.

Acorda bem cedo
sem saber onde começar.
Dorme muito tarde
sem nada encontrar.

Infeliz é quem procura
sem saber o que procura.
Feliz é quem encontra
sem muito ter procurado.

Eu não acordo mais cedo,
já encontrei o que queria.
Eu não procuro mais nada,
mas continuo dormindo tarde.

Feliz é quem encontra.
Eu sou o mais feliz!
Achei você.

Thursday, March 30, 2006

Uma árvore da fazenda

Uma árvore da fazenda
Jéder Assi, março/2006


Quando a brisa em ti trespassa
Há um Ser que harmonisa o vento
Com os braços folheados
Acena ao espaço o crescimento.

Passam terras, passam donos
Caminhos se vão em tempos frios
Cresce forte em lenho largo
Acolhe as aves nos seus ninhos.


Que vera massa !
Que vera vista !
Que vera sombra !
Que vera brisa !

Radiculares, as garras dos seus pés
Pivotante cerne, a coluna interior
A seiva bruta escorre nas entranhas
Dando ao fruto paz em flor.

Que tamanha paz !
Que tamanha sombra !
Que tamanha força !
Que obra tamanha !

Mas em tudo se espera o fim
E a luta enfrenta o tempo
Forte em seiva se esvai em pranto
És formosa..... não perde o encanto !


Perece...
Sustenta...
Balança...
Treme...
Rompe as entranhas...
Tomba lento.

Tudo em silêncio,
Numa manhã...

Ficou o espaço...
e esta foto !

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Tombou naturalmente na manhã de 18/02/2006.

Idade aproximada: 250 anos.
Data do tombamento: 18/02/2006, sábado, 9:00.
Período provável de germinação: 1750 - 1760.


Quanta coisa aconteceu...
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Há palavras?


Há palavras?
Guto Assi, 27/02/2005

Palavras!?
Como posso dar este testemunho com palavras?

Lilian, não existe linguagem que te traduza. À prosa, falta conteúdo; à poesia, falta beleza; nem a música tem harmonia suficiente. Não há letra após letra que te descreva!
Ninguém jamais saberá como és assim como eu o sei. Ninguém te apreciará como já aprecio. Ninguém jamais conhecerá teu interior com eu conhecerei. E mesmo assim, terei surpresas a cada dia, conhecer-te não tem fim!

E quem entenderá o que sinto? Quem há de compreender o que penso? Ninguém, além de ti! És a única que podes perceber meu sentimento. E o conhecerás mesmo no silêncio, no caloroso silêncio do toque e do abraço, do beijo e do sussurro. Escrever que te amo é muito pouco! Que te quero, menos ainda.

Então, esqueças as letras que te conto, silenciosamente, o que és pra mim.

Seu Guto.

Thursday, March 23, 2006

Saudades de Vienna...

Saudades de Vienna
Guto Ássi, 25/11/2004

Ela se foi. Sem desculpas, sem explicações. Simplesmente, sumiu. Havia trabalhado até muito tarde na noite anterior e acabei pegando no sono sem dizer-lhe boa noite. Não me lembro quando se foi, só percebi que realmente havia partido quando acordei. Sempre que passávamos nossas noites juntos ela costumava despertar mais cedo. Todas as manhãs me esperava na copa com aquele café cheiroso. Claro que estou falando da copa do escritório. Nunca tive coragem de levá-la pra casa, imagine! E era lá mesmo, no escritório, que passamos as melhores de nossas poucas, mas longas noites. Eu fui o primeiro a sentir sua falta.

Trabalhávamos juntos, colegas de escritório. Estas noites de companhia sempre começavam com a tradicional desculpa laboral: “Ah, vou ter que passar a noite aqui, estou atolado de serviço” (como se precisássemos de desculpas para ficarmos juntos). Prontamente, ela se dispunha a ficar ligada a noite toda, mantendo-me acordado com bom humor ou simplesmente completando-me com sua agradável companhia. Começávamos trabalhando e terminávamos no café na copa. Ai que saudade destas manhãs! Às oito horas os outros chegavam. Eu podia ler em seus rostos, o semblante revelava o ciúme por nos verem a sós na copa. Certamente pensavam: “Aí estão eles, mais uma noite juntos, que abuso, que absurdo!”

Fomos admitidos praticamente juntos, por isso dizíamos que nossas carreiras caminhavam unidas. Na verdade, não me lembro daquelas salas sem Vienna. Isto mesmo, Vienna, este é seu nome. No princípio também achei estranho: “Isto é nome que se escolha!?”, hoje acho até bonito, acabei acostumando. Aliás, foi bem isso que aconteceu: eu me acostumei com Vienna. Talvez não queira assumir que passei a ser dependente (orgulho nenhum permitiria isso), mas, em alguma medida, sua presença era importante, quase fundamental. E não só pra mim, mas também para meu trabalho. Mesmo com funções tão distintas, ela sempre me ajudou muito. Vários de meus melhores projetos tiveram sua participação direta. Seguramente, posso afirmar: sem ela não teriam sucesso.

Na verdade, Vienna não era gentil apenas comigo. Todos, sem exceção, gostavam dela. De longe era a funcionária mais querida, a mais admirada, mais trabalhadora, até a mais mimada. E, por incrível que pareça, ninguém sentia inveja (nem mesmo nossas poucas colegas!). Comemorávamos todos junto: “Viva Vienna, mais uma vez eleita a funcionária do mês!”. O mais interessante, era que todos careciam e contavam com sua pronta ajuda. Entre nós outros, pairava a instigante dúvida: “Quem será o favorito de Vienna?”. No fundo, secretamente, cada um sentia-se um pouco dono dela, como se estivesse exclusivamente a seu dispor. E ela parecia (ou então fingia) não ligar, tratava a todos com equidade aumentando nossas ciumentas disputas.

Não era raro conversarmos a seu respeito, freqüentemente era o assunto de nossas rodas. Eu gostava de exaltar como compreendia seus problemas (claro, Vienna também tinha problemas, não era em tudo perfeita), que entendia de suas dificuldades. Contava aos outros como a tratava com carinho e fazia questão de enfatizar como nunca recusara passar uma noite comigo. E foram muitas... Falando nisso, como sabia apreciar um bom carinho, gostava de ser tratada com respeito. Contudo, não era destas frescas que nada suportam. Sempre firme, tolerava nossas pequenas grosserias (tão freqüentes num escritório de engenharia com maioria masculina). Na maioria das vezes agia com mansidão, quase nunca reclamava. Todavia, ela também tinha os seus dias. Nós, homens, bem sabíamos que nossas brutas atitudes a machucavam. Mas, até nisso ela era diferente! Bastava um trato com delicadeza que logo éramos desculpados e nosso bom relacionamento estava de volta, ileso. Ah, como ela não há outras!

Sua presença era fundamental, alegrava o ambiente. O dia que, eventualmente, não trabalhava era motivo de preocupação geral. “Será que ela não está bem? Vai melhorar logo?”, perguntávamos. E como era bom sentir seu retorno. Só de ouvi-la de longe – toda animada como se nada tivesse acontecido – a atmosfera se transformava com sua presença. Reuníamos ao seu redor para jogar conversa fora. E não havia um que não fosse visitá-la em seu cantinho durante a pausa do café. Ah, e seu cheiro... hum, delicioso aroma que coloria nosso ar. Pela manhã, quando entrávamos na recepção, sabíamos que já estava lá (sempre começava a trabalhar bem cedo). Mas que perfume!

Ah, como sinto sua falta! Ah, sentimos todos sua falta. Há três dias ela se foi, nunca ficou tanto tempo fora. Quando voltará? Ou será que voltará? Sem ela, nosso escritório não é o mesmo. Queremos Vienna de volta! Já me decidi, vou atrás dela! Vou buscá-la de qualquer maneira! Vienna Superautomática, nossa maravilhosa máquina de café expresso, há três dias em manutenção na assistência técnica.




Friday, March 17, 2006

Vocês verão


Vocês verão
Gustavo Assi, janeiro/2006

Ahhh!!!
Verão
Dezembro
2005

Apenas 30 dias...

Brrr!!!
Ainda "verão"
Janeiro
2006

Tá vendo?
Vocês verão!